QUINTA, 27/05/2021, 17:26

Indiciada por peculato, falsa técnica de enfermagem teria desviado pelo menos 12 doses de vacina contra o coronavírus em Apucarana

Informação confirmada durante investigação policial desmente versão da acusada, que teria afirmado ter vacinado apenas cinco pessoas. Polícia também conseguiu confirmar pelo menos um caso de "fura-fila" na cidade.

A Polícia Civil de Apucarana concluiu nesta quinta-feira (27) o inquérito que investigava a cuidadora de idosos Silvania Ribeiro Del Conte pelo desvio de vacinas contra o coronavírus da campanha de imunização do município. A mulher, que se passou por técnica de enfermagem para ter acesso às doses desviadas, foi indiciada por peculato, quando uma pessoa se aproveita do cargo público que ocupa para obter algum tipo de vantagem. Em entrevista coletiva, o delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial, Marcus Rodrigues, contou que foi possível desmentir, durante as investigações, a principal informação repassada pela acusada, que alegou ter vacinado com as doses desviadas apenas cinco pessoas de uma mesma família. Seriam moradores da cidade de Mandaguari, conhecidos dela. Já conforme o delegado, pelo menos doze pessoas receberam os imunizantes de Silvania de forma indevida.

A polícia analisa agora, segundo o delegado, a possibilidade de indiciar, também por peculato, as pessoas que receberam as doses desviadas. Ele adiantou, por outro lado, que não foi possível comprovar que a acusada recebeu algum tipo de favor ou valor em dinheiro em troca da vacinação.

Outra informação desmentida pela polícia diz respeito às cinco doses de AstraZeneca encontradas na casa da acusada no dia em que ela foi presa. Silvania disse que pretendia usar as vacinas para as segundas doses da família de Mandaguari. A versão, no entanto, foi negada pelos próprios vacinados. Eles também revelaram ao delegado que não chegaram a conferir se estavam realmente recebendo as doses contra a Covid-19.

O delegado também ouviu durante o inquérito as pessoas acusadas por Silvania de terem furado a fila na campanha de vacinação contra o coronavírus em Apucarana. Em depoimento ao Ministério Público e à comissão da Assembleia Legislativa que acompanha as denúncias de "fura-fila" no estado, a falsa técnica de enfermagem contou ter presenciado pelo menos 20 pessoas que não são dos grupos prioritários recebendo as doses no ginásio de esportes Lagoão e também na clínica de idosos onde ela trabalhava antes de ser voluntária do município. Silvania disse que a vacinação indevida era autorizada pelo servidor Luciano Pereira, até então coordenador da campanha de vacinação contra o coronavírus em Apucarana. Ele, que foi afastado da função e é alvo de uma sindicância interna na prefeitura, negou todas as acusações em depoimento à polícia. O delegado, inclusive, conseguiu encontrar indícios de irregularidades em apenas um caso denunciado por Silvania. A situação envolve o filho de um técnico de enfermagem que teria tomado a vacina na clínica de idosos mesmo sem ter nenhum vínculo com o espaço.

O inquérito policial deve ser encaminhado ao Ministério Público, que também investiga o caso, assim como a Controladoria-Geral do Estado.

Por Guilherme Batista

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