TERCA, 16/10/2018, 19:27

Justiça começa a ouvir testemunhas de acusação da Operação ZR 3

Júnior Zampar, o denunciante do suposto esquema, foi um dos que prestou depoimento na 2ª Vara Criminal de Londrina. Audiência de Instrução continua nesta quinta-feira.

As audiências de instrução da Operação ZR3, que investiga pagamento de propina em troca de alterações no zoneamento de Londrina, começaram nesta terça-feira. Na lista de depoimentos, 13 pessoas. Mas, apenas dez seriam ouvidas na sala do Tribunal do Júri. As outras vão falar por carta precatória. O depoimento mais esperado da tarde era do agricultor Júnior Zampar, que denunciou o suposto esquema.

Mas, o primeiro a depor, e por uma hora e meia, foi o policial civil do Gaeco, Clark Kotarskii, que fez um resumo do trabalho que deu origem à Operação e das diversas provas colhidas. O policial foi questionado sobre vários momentos da investigação e confirmou dois encontros de Takahashi e Alves, gravados em vídeo, com o empresário Luis Guilherme Alho, um dos 13 réus da ação penal.

O segundo a falar na Audiência foi o jornalista Fernando Brevilheri, que afirmou ter sido procurado, no início de 2013, por Junior Zampard para tratar de uma reportagem jornalística, mas sem relação com a ZR3. Segundo o jornalista, já em um segundo momento, Zampard o teria procurado para fazer uma denúncia relativa ao esquema revelado pela operação. Mas a reportagem acabou não sendo produzida, por falta de elementos, segundo Brevilheri. O depoimento durou cerca de dez minutos.

O terceiro a depor foi o soldado PM Nilson Teixeira, também do Gaeco. O policial militar começou falando sobre a chegada da denúncia e o início das investigações, inclusive dando detalhes das primeiras gravações, interceptações telefônicas e videos de alguns dos primeiros encontros realizados pelo grupo para acertar os detalhes do suposto esquema.

O policial militar relatou diversas conversas e reuniões entre os réus, onde o pagamento de propina era tratado.E citou o encontro em que Mário Takahashi propõe a Júnior Zampard, segundo o mesmo, o pagamento de propina para mudar o zoneamento em uma área da família dele. A proposta teria sido rechaçada.

O quarto depoimento foi do denunciante do suposto esquema, Júnior Zampar, que começou pouco antes das 17hrs. E a expectativa era de um interrogatório longo. O agricultor começou falando sobre como conheceu Takahashi, em 2013, em um encontro marcado pelo primo dele. A intenção era alterar o zoneamento de uma das áreas onde a família tem um terreno.

Nessa primeira conversa, o presidente da afastado da Câmara teria afirmado, segundo Zampar, que a mudança de zoneamento seria um processo fácil e pediu R$ 1 milhão para operacionalizar a questão. O agricultor contou ainda que a proposta de Mário Takahashi foi relatada ao restante da família na sequência e teria sido rejeitada. No depoimento, Zampar confirmou tudo que já disse ao Ministério Público desde que a operação foi deflagrada. A Audiência de Instrução continua nessa quinta-feira com os interrogatórios de mais testemunhas de acusação.

Mário Takahashi e Rony Alves acompanharam a audiência e em alguns momentos trocaram olhares e cochichos com os advogados. Os dois seguem usando tornozeleira eletrônica e continuam afastados da Câmara até janeiro de 2019.

A Operação foi deflagrada em janeiro desse ano para apurar um esquema que alterava o zoneamento de algumas áreas da cidade a troco de propina. Depois das 13 testemunhas de acusação, será a vez das 82 testemunhas indicadas pelas defesas dos 13 réus serem ouvidas. Alguns dos 15 fatos criminosos narrados pelo MP, ocorreram após a deflagração da Operação. Os promotores apontam para a prática de três tipos de crimes: organização criminosa, corrupção ativa e passiva.

As investigações da ZR-3 começaram no início de 2017 e o julgamento deve ocorrer no primeiro semestre de 2019. Mas esse prazo vai depender do tempo que durarem os depoimentos das testemunhas de defesa.

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