TERCA, 10/10/2023, 17:55

Ministério Público e Polícia Civil também investigam suspeita de apologia ao nazismo em colégio de Arapongas

Alunos expuseram bandeiras com suástica e figura de Adolf Hitler em sala de aula, e, ainda, entrevistaram filha de soldado nazista. Museu do Holocausto de Curitiba emitiu nota de repúdio contra a atividade.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) confirmou nesta terça-feira (10) que também vai investigar o trabalho escolar acusado de fazer apologia ao nazismo no Colégio Estadual Marquês de Caravelas, em Arapongas, no norte do Paraná. O trabalho de apuração será realizado pela 2ª Promotoria de Justiça da cidade. O órgão tem atribuições na área da Criança e Adolescente e Educação. Por meio de nota, o MP informou que soube do caso por meio da imprensa e que, depois disso, abriu procedimento para investigar a situação. A promotoria, inclusive, já fez a requisição de informações ao colégio e ao Núcleo Regional de Educação de Apucarana. Ainda conforme a nota, as promotorias criminais da comarca vão acompanhar a apuração, “de forma integrada com a Polícia Civil”.

O caso veio à tona no final de semana, após publicação nas redes sociais por parte da deputada Carol Dartora (PT). A postagem mostrou imagens da atividade escolar envolvendo a 2ª Guerra Mundial, que foi exposta no colégio na última semana. Durante o trabalho, os alunos exibiram, em sala de aula, bandeiras com a suástica nazista e até um manequim fantasiado de Adolf Hitler. Alguns alunos também usaram bonés com o símbolo nazista. Um outro grupo de adolescentes também foi até a cidade de Rolândia, a 15 quilômetros de Arapongas, para entrevistar uma idosa de 90 anos que é filha de um soldado nazista.

Até o momento, nem a professora responsável pela atividade nem o colégio estadual, que ressaltou a importância do trabalho nas redes sociais, se manifestaram sobre a situação. Já a Secretaria Estadual de Educação emitiu uma nota nesta terça-feira (10) confirmando a instauração de um ato administrativo “para verificação de responsabilidade acerca da atividade”.

Segundo a secretaria, “o procedimento está sendo executado em caráter de urgência para que, dentro de até 72h, as informações necessárias para a devida condução das medidas cabíveis tenham sido apuradas”. Ou seja, possivelmente o resultado desse trabalho preliminar deverá ser divulgado ainda esta semana.

A pasta também reforçou que “a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo não é tolerada em qualquer escola da rede estadual, sendo 

a situação relatada em Arapongas, encarada com extrema gravidade”.

Ainda nesta terça-feira, o Museu do Holocausto de Curitiba usou as redes sociais para emitir uma nota de repúdio contra a atividade. A entidade diz que tomou conhecimento das imagens do trabalho com "espanto e indignação", e que o "caráter deturpado da atividade, realizada com alunos do 3º ano do Ensino Médio, leva o Museu a apontar os equívocos pedagógicos da proposta". A publicação critica a "idumentária, simbologia e decoração associada ao nazismo" usadas pelos alunos, e também o fato de a turma ter entrevistado a filha de um soldado nazista. Segundo o Museu, "na Pedagogia contemporânea do Holocausto, há consenso de que" a história deve ser contada "pela perspectiva das vítimas, e não dos perpetradores". A entidade destaca, ainda, que a atividade, da forma como foi proposta, torna o regime "algo divertido, interessante e fascinante" e, ainda, "relativiza os crimes nazistas".

Por Guilherme Batista

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