O Museu Histórico de Cambé vive um novo capítulo na trajetória de quatro décadas. O espaço, que passou por uma ampla reestruturação dentro do Centro Cultural da cidade, foi reinaugurado com uma proposta moderna, acessível e, principalmente, com uma nova forma de contar a história da região. De acordo com o servidor do Museu, Eduardo Pavinato, a principal mudança foi a realocação do museu para o térreo, ampliando a área expositiva e tornando o acesso mais fácil para o público.

Segundo Pavinato, a remodelação também veio acompanhada de uma reflexão profunda sobre o conteúdo das exposições. A equipe percebeu que havia um “agente da história” esquecido nas narrativas tradicionais: os povos indígenas. Essa constatação levou o museu a mudar de paradigma, deixando de priorizar apenas a história dos pioneiros e passando a valorizar as culturas originárias que habitaram o Norte do Paraná muito antes da colonização europeia.

Essa mudança se consolidou a partir de uma campanha local que envolveu a comunidade e as escolas municipais. Crianças e moradores ajudaram a reunir peças arqueológicas, como cerâmicas, lâminas de machado e mãos de pilão, enriquecendo o acervo.

O movimento resultou, inclusive, na descoberta de um sítio arqueológico na Fazenda Santa Dalmácia, identificado depois como a antiga Missão Jesuítica São José, datada de 1625 a 1631, um achado que reposiciona o tempo histórico da região para o período em que o território pertencia à coroa espanhola.

Com o novo acervo e a nova identidade visual, o museu passou a abordar também o impacto da chegada dos colonizadores. A proposta é oferecer uma visão crítica sobre o processo de reocupação do Norte do Paraná, a partir da década de 1930.

Além das exposições fixas, o Museu Histórico de Cambé mantém o programa “Viagem Histórica pelos Caminhos de Cambé”, que leva alunos do ensino fundamental a compreender o processo de formação da cidade e a importância do pertencimento cultural. A intenção é formar novas gerações conscientes sobre a história completa da região, uma história que, agora, finalmente reconhece os verdadeiros guardiões dessas terras.