TERCA, 10/08/2021, 14:28

Operação da Polícia Civil e Ministério Público mira fraudes em contratos firmados com hospitais e consórcio de saúde no norte do Paraná

Ex-diretor do Cismepar, médicos, empresários e outros agentes públicos estariam envolvidos em crimes de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro

Cerca de 50 policiais civis cumpriram na manhã desta terça-feira 15 mandados de busca e apreensão em Londrina e Centenário do Sul.   Entre os investigados há empresários, médicos e agentes públicos – inclusive um ex-diretor do Cismespar, Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema, que seria ligado ao grupo empresarial favorecido pelas ilegalidades.

Uma empresa de Segurança na Avenida Castelo Branco e um condomínio de luxo às margens do lago Igapó 1 ao lado do Fórum de Londrina estavam entre os alvos. Foram encontrados R$ 50 mil em espécie e apreendidos computadores, celulares e documentos que irão ajudar na investigação.

De acordo com o delegado Thiago Vicentini, do Departamento de Combate à Corrupção da Polícia Civil, a investigação teve início há dois anos e apurou que quatro empresas e ao menos 12 pessoas físicas estão envolvidas nesses crimes contra administração pública. Conforme apurado, o esquema teria levado a um prejuízo de R$ 66 milhões para os cofres municipais.

Essas empresas eram contratadas pelo Cismepar e Hospitais Públicos com dispensa de licitação, sem concorrência pública e nem todos serviços contratados foram efetivamente prestados.

Segundo a Deccor, o ex-diretor executivo do Cismepar deixou o consórcio em 2019 e passou a atuar como negociador das empresas particulares que firmaram contratos suspeitos com hospitais públicos da região norte do Estado.

Há suspeita que algumas das empresas de fechada foram constituídas apenas para  participar das licitações com prefeitura e com o Cismepar para prestar serviços, ou seja, agiam em conluio para burlar o processo licitatório.

Outra vertente da investigação indica que nem todos serviços contratados foram de fato prestados. Além de desvios de recursos públicos e formação de quadrilha, os investigados podem ser denunciados por lavagem de dinheiro.

Dentre as fraudes apuradas, foram constatados dois procedimentos de dispensa a licitações de prestação de serviços médicos na Prefeitura de Cambé, no ano de 2017. Na ocasião, uma empresa das médicas envolvidas teve êxito na contratação da empresa após rescisão unilateral do contrato com empresa anterior.   Posteriormente, médicos concorrentes teriam sido contratados pela própria empresa investigada para prestação de serviços em hospital de Cambé.

Segundo o delegado do Deccor, além do ex-diretor do Cismepar e a esposa dele médica um agente público ligado a casa civil do Governo do Paraná está entre os investigados. Por meio de nota, a atual direção do Cismepar informou que foi informada sobre a investigação pela imprensa. A administração diz que está a disposição da Policia Civil e do Ministério Público para esclarecimentos e alegou que entrou em contato com os responsáveis da operação e que Consórcio de Saúde não é alvo da investigação. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

Por Guilherme Marconi

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