TERCA, 08/06/2021, 16:05

Pelo menos sete cidades do norte do estado têm casos de pessoas que teriam usado documentos de parentes mortos para se vacinar contra o coronavírus

Ao todo, comissão da Assembleia Legislativa identificou 99 casos, sendo oito em Arapongas e três em Cambé. Prefeituras negam que tenha havido fraude.

A comissão especial aberta na Assembleia Legislativa do Paraná para acompanhar a vacinação contra o coronavírus no estado identificou pelo menos 99 casos em 39 municípios paranaenses de pessoas que podem ter usado os documentos de parentes que já faleceram para se vacinar contra o coronavírus. Sete cidades do norte do estado aparecem na lista. São elas: Tomazina e Bandeirantes, com um caso cada; Tamarana e Ibiporã, com dois registros cada uma; Cambé e Cambará, com três; e Arapongas, com oito casos.

O presidente da comissão, deputado Fernando Francischini, disse que os dados foram obtidos em parceria com a Controladoria-Geral do Estado, que também acompanha supostas situações de "fura-fila" na vacinação contra a Covid-19 no Paraná. Ele afirmou que a comissão já começou a notificar os municípios listados pedindo para que todos os casos sejam devidamente investigados. Caso as irregularidades sejam comprovadas, conforme o parlamentar, as pessoas que se vacinaram no lugar de quem já morreu vão precisar responder criminalmente pela fraude.

Francischini reconheceu, por outro lado, que muitos dos casos podem ter sido registrados apenas por conta de erros técnicos ocorridos durante o processo de vacinação nas cidades. Ele citou como exemplo o município de Paranaguá, no litoral do estado, que tinha seis casos e conseguiu comprovar que todos eles só aconteceram por conta de erros de digitação.

A CBN também procurou alguns municípios da região de Londrina atrás de esclarecimento. A Prefeitura de Ibiporã se manifestou por meio de nota informando apenas que ainda não foi notificada oficialmente pela Assembleia Legislativa. Já a Prefeitura de Cambé informou que já tinha investigado os três casos antes mesmo da notificação da comissão numa força-tarefa que, segundo o município, também contou com a participação da polícia. Dois dos casos seriam de idosas de mais de 80 anos que, sem saber, apresentaram os documentos dos maridos falecidos no momento da vacinação. O terceiro, de acordo com a prefeitura, seria de um homem que tem o mesmo nome da pessoas que apareceu como falecida no sistema de checagem da Assembleia Legislativa.

A Prefeitura de Arapongas, por fim, se manifestou por meio do secretário de Saúde do município, Moacir Paludetto Junior, que enviou um comunicado à imprensa esclarecendo a situação. De acordo com ele, os oitos casos levantados pela comissão estavam em uma lista feita pelas equipes da saúde responsáveis por vacinar pessoas acamadas em casa. O secretário explicou que, em vez de colocar apenas os nomes de quem realmente recebeu as doses, os servidores teriam escrito os nomes de todas as pessoas que moravam nas residências visitadas, incluindo daquelas que já tinham morrido.

Por Guilherme Batista

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