Perícia conclui que danos no Moringão poderiam ser evitados
Deformidades, ondulações e afastamento entre as placas começaram a surgir em maio de 2023. Desde então a empresa responsável pela instalação e a prefeitura vivem um embate na Justiça
Depois de pouco mais de dois anos, a perícia concluiu os laudos referentes aos problemas no piso do Moringão, entre eles deformidades, ondulações e afastamento entre as placas, que começaram a surgir em maio de 2023, poucos meses após a gestão municipal anterior receber a estrutura da empresa responsável pela instalação.
De acordo com o documento ao qual a Rádio CBN teve acesso, o material utilizado na reforma de 2002 apresenta a capacidade de absorção de umidade três vezes superior àquele utilizado na construção original. A diferença de espessura entre os contrapisos também é significativa, já que a área ampliada tem espessura três vezes menor.
De acordo com o perito, é possível concluir que as regiões onde as placas de piso apresentaram umidade elevada e sinais de degradação correspondem àquelas em que o contrapiso possui menor espessura e maior capacidade de absorção de água que está presente no solo, ou seja, na parte ampliada em 2002.
O sistema de drenagem ao redor da quadra também esteve na mira da perícia. É nesse local que cai a água que vem da arquibancada durante a limpeza, sendo identificados diversos resíduos dentro das canaletas e caixas de passagem, como garrafas plásticas, copos, embalagens e outros detritos, além de diferenças de nível. Mas isso, de acordo com a perícia, não impediu o escoamento da água. Em alguns testes, houve extravasamento para a área da quadra, afetando no máximo a primeira fileira de placas, o que não coincide com a região onde se concentram os principais danos.
Por fim, a perícia concluiu que as anomalias na superfície do piso são sintomas das condições de umidade identificadas debaixo do assoalho, que a umidade está concentrada na área da quadra, que foi ampliada em 2002 e que a adoção de medidas adequadas de impermeabilização sobre o contrapiso poderia ter evitado os danos.
Já quanto à origem dessa umidade, a perícia não identificou evidências de que seria proveniente da limpeza das arquibancadas e destacou que os serviços de limpeza que foram concluídos em maio de 2023 e que, ainda na data da perícia, quase dois anos depois, as placas apresentavam teores de umidade.
O piso portátil flutuante e removível em madeira maciça para uso esportivo foi instalado em março e abril de 2023 e custou ao município R$ 1.169.000,00, mas dois meses depois, em junho daquele ano, a prefeitura constatou problemas, como espaçamentos largos, abaulamento, levantamento de parte do piso e informou a empresa.
A alegação da empresa é de que os problemas se deram em decorrência de limpeza inadequada da arquibancada, com fortes jatos de água, o que causou o acúmulo de água no interior do piso, mofo, estufamento e desgaste da madeira. Hipótese agora descartada pela perícia.
A Justiça deu prazo até a próxima segunda-feira (18), para novas manifestações da prefeitura e da empresa responsável pelo piso. Depois disso, deverá sair a sentença. Procurada, a prefeitura ainda não se manifestou sobre o resultado.