Dos quase 600 professores entrvistados, a maioria, pouco mais de 74%, é mulher. E quase 80% dos que responderam a pesquisa são do Quadro Próprio do Magistério. O restante são professores temporários contratados por Processo Seletivo Simplificado. E mais de 90% dos pesquisados também responderam que trabalham em escolas da zona urbana.

O resultado da pesquisa feita em parceria com o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da UEL ainda é parcial, mas os números levantados até agora revelam que mais de 90% dos professores entrevistados afirmaram estar trabalhando acima da carga horária com as aulas remotas.

O diretor da APP Sindicato Londrina, Rogério Nunes, afirma que o resultado já era esperado, mas não no percentual registrado e diz que a jornada excessiva acaba tendo repercussões na qualidade do trabalho e também na saúde dos professores.

As atividades presenciais na rede estadual de ensino estão suspensas desde 20 de março. As aulas remotas em três canais de televisão alugados apenas para as transmissões começaram alguns dias depois. As atividades dos estudantes passaram a ser feitas e acompanhadas por uma plataforma online e pelo aplicativo Aula Paraná.

Rogério Nunes destaca a representatividade da pesquisa, que ouviu 596 professores de 61 municípios paranaenses, e são responsáveis por aproximadamente 170 mil estudantes, quase 20% da rede estadual. Além de avaliar as condições de trabalho dos docentes, o levantamento queria saber ainda se os alunos estão conseguindo acompanhar as aulas e entregar as atividades.

O diretor da APP Sindicato explica que em relação a esse quesito a pesquisa revelou uma situação também preocupante. Os professores ouvidos declararam que apenas 30% dos alunos estão conseguindo entregar as tarefas pela plataforma online criada pela Secretaria Estadual de Educação.

A pesquisa foi feita após um primeiro levantamento realizado em 24 escolas aqui da cidade no início de abril e que mostrou que aproximadamente 60% dos alunos não estavam conseguindo acompanhar as atividades exigidas durante o período de aulas on-line.

De acordo com o diretor da APP Sindicato, a pesquisa completa deve ser apresentada até o início de julho e a ideia é encaminhar o material para a Secretaria Estadual de Educação e Ministério Público, além de outras entidades ligadas à área. Fizemos contato com a Secretaria Estadual de Educação.

Nota retorno: 

A Secretaria da Educação refuta e desconhece a metodologia e resultado da pesquisa do sindicato dos professores e da UEL. Diariamente, a Seed monitora os resultados e níveis de adesão pelos seus sistemas de Business Intelligence (BI). Até o momento 930 mil pessoas baixaram e usam o aplicativo Aula Paraná, por onde são acessados videoaulas e as salas virtuais (Google Classroom) gratuitamente. Atualmente 99% dos professores interagem diariamente com seus alunos nas salas de aula virtuais (são mais de 6 milhões de interações). Há ainda os 3 canais de TV aberta com capacidade de chegar até 10,5 milhões de paranaenses e o canal do Youtube que conta com mais de 21,5 milhões de visualizações. Além disso, cerca de 30 mil alunos são atendidos pelos materiais impressos e pelos plantões pedagógicos. 

Além desse acompanhamento, a Secretaria concluiu uma pesquisa nas duas últimas semanas, na qual colheu respostas de mais de 37 mil pessoas, sendo 6.951 professores da rede. 

Nesta pesquisa, que terá seus resultados completos divulgados nos próximos dias, o grau de satisfação dos professores da rede com as videoaulas exibidas na TV e no Youtube chega a 73,69% e de 72,34% com o aplicativo Aula Paraná e com o Google Classroom. Ainda entre os professores, mais de 70% também avaliaram positivamente a qualidade do material ofertado pela Secretaria nas aulas não presenciais, a autonomia dada ao professor nas suas salas virtuais e os aplicativos e ferramentas ofertados pelo Aula Paraná.