SEGUNDA, 09/07/2018, 19:12

Policial que matou o filho pequeno e cometeu suicídio em seguida havia denunciado o ex-marido há um ano

Antes de se matar, mulher escreveu uma carta revelando a acusação de que criança foi abusada sexualmente pelo pai. Apesar disso, investigação ainda não encontrou indícios de que violência realmente aconteceu.

A policial civil que matou o próprio filho de quatro anos de idade e cometeu suicídio logo em seguida estava certa de que a criança havia sido abusada sexualmente pelo seu ex-marido. A denúncia foi feita à Delegacia de Cambé, onde ela morava, há cerca de um ano. A acusação também está numa carta escrita pela mulher antes dela se matar. No documento, encontrado na cena do crime, Dolores Mileide de Souza, de 35 anos, chama de estuprador o homem com o qual manteve um relacionamento conturbado por cerca de oito anos e garante que ele teria violentado o seu filho.

Na carta, a policial também expõe estar revoltada com o fato de a Justiça ter autorizado o homem a visitar a criança uma vez por semana mesmo com a denúncia. Seria uma visita assistida, acompanhada por psicólogo e assistente social. Ela chegou a recorrer da decisão, mas o recurso foi negado na última quarta-feira, um dia antes da tragédia.

O delegado de Cambé, Roberto Fernandes, que cuida das investigações, confirmou que apura o suposto abuso sexual desde o ano passado, quando foram ouvidos parentes e amigos da família, entre elas uma outra filha do acusado, que, segundo a denúncia, também teria sido abusada. No entanto, a informação foi desmentida por ela no depoimento. Além disso, o delegado recebeu o laudo de um pediatra que não confirmava a violência, e um outro particular, de um psicólogo contratado pela policial. Ele também pediu pra que a criança passasse por uma consulta numa unidade pública de saúde, o que não aconteceu a tempo.

Fernandes não descarta a possibilidade de ouvir novas testemunhas, apesar de garantir que já tem indícios suficientes pra concluir inquérito. Segundo ele, não há nenhum elemento concreto, até então, que comprove que o abuso sexual contra a criança de fato aconteceu.

O delegado também vai ficar responsável por investigar a tragédia, tratada como homicídio seguido de suicídio. Para ele, tudo indica que o ato de desespero é resultado do relacionamento complicado da policial com o ex-marido, que, inclusive, já havia sido detido por não pagar pensão alimentícia ao filho. Procurado pela nossa equipe, o homem, que não quer ter o nome revelado, não quis se pronunciar.

Por Pauta CBN

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