SEXTA, 13/12/2019, 19:30

Delegada do Nucria vai a hospital e ouve menino de oito anos torturado pelos pais adotivos

Segundo Lívia Pini, criança ainda estava sonolenta e em alguns momentos pareceu distante. Apesar de ter falado pouco, delegada diz que garoto confirmou as agressões.

Foi um depoimento que acrescentou poucos detalhes à investigação. Em alguns momentos, segundo a delegada Lívia Pini, titular do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes, o menino de apenas oito anos parecia sonolento e se desconectava da realidade. Talvez por conta dos medicamentos que ainda está tomando e pelas convulsões que teve após as agressões. Segundo a delegada, vizinhos do casal vêm acrescentando novas informações ao inquérito, como um suposto castigo em que a criança teria sido colocada na chuva, além de relatos de violência com os animais da casa.

A oitiva do garoto foi realizada no Hospital Evangélico, onde a criança continua internada desde a noite de domingo e segundo a delegada a criança teria demonstrado a alguns profissionais da unidade repulsa em voltar para casa dos pais adotivos. Apesar de ter sido um depoimento com poucos detalhes, Lívia Pini diz que o menino, que ainda sente muitas dores, confirmou as agressões.

Segundo a delegada, o depoimento foi gravado e todos os laudos periciais já estão anexados ao processo e não foram detectados indícios de possíveis abusos de natureza sexual. Lívia Pini diz que já na segunda-feira deve encaminhar o inquérito ao Ministério Público. Os vizinhos do casal, que denunciaram as novas situações de violência, também vão ser convocados para a fase judicial do processo.

Segundo a delegada, um laudo complementar para definir a extensão das lesões deve ser feito após a saída do garoto do hospital. Lívia Pini diz que a chamada escuta especializada é regulamentada por legislação específica e apenas a delegada, uma psicóloga e uma enfermeira participaram da oitiva.

Com anos de experiência na área, a delegada do Nucria relata o sentimento de tristeza com o caso, até mesmo entre os policiais do Núcleo.

Sarah Carvalho Zanoni e Israel Antunes Zanoni levaram o menino ao hospital na noite de domingo e um enfermeiro decidiu acionar o Conselho Tutelar, após constatar que a criança tinha marcas graves de agressão e indícios de tortura. A conselheira então chamou a Polícia Militar.

O casal, preso em flagrante horas depois, na madrugada de segunda-feira, disse em depoimento à Polícia Civil que as agressões eram para “corrigir e disciplinar” o garoto. A prisão dos dois já foi convertida pela justiça em preventiva, que é por tempo indeterminado. O casal confessou ainda que bateu no menino com chineladas, palmadas e mordidas. Os dois foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio qualificado e tortura.

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