QUINTA, 15/04/2021, 18:56

Panorama mapeia pelo menos 763 crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Paraná

Secretaria Estadual de Justiça reconhece que muitos casos são subnotificados e número real pode ser bem maior. Em Londrina e região, os principais relatos são de meninos e meninas trabalhando nas ruas e na área rural.

A Secretaria Estadual de Justiça, Família e Trabalho divulgou nesta quinta-feira (15) um levantamento detalhado que ajuda a comprovar a existência do trabalho infantil no Paraná. O panorama, realizado em 257 municípios, mapeou pelo menos 763 crianças e adolescentes que estariam nesta situação no estado, sendo forçadas a trabalhar para ajudar no sustento de casa. O número real, no entanto, segundo a própria secretaria, pode ser bem maior, uma vez que boa parte dos casos é subnotificada.

A chefe do escritório da Seju na região de Londrina, Deise Tokano, ressaltou a importância do mapeamento para a criação de mecanismos que possam coibir a prática ilegal no estado. Ela reconheceu que boa parte da população ainda vê o trabalho infantil de forma distorcida, sem entender o tamanho do prejuízo que ele pode trazer para a vida dos meninos e das meninas explorados.

A pesquisa se torna ainda mais importante, conforme ela, no contexto da pandemia, quando crianças carentes passaram a sair às ruas para ajudar no sustento de casa. Outro ponto importante levantado por ela que ocorre especialmente na região de Londrina envolve o trabalho rural, em que crianças e adolescentes são acostumados a trabalhar desde cedo ajudando a família nas lavouras.

A falta de um canal para denúncias também dificulta a erradição do trabalho infantil no estado. Segundo o levantamento feito pela Seju, 84% dos municípios admitiram não ter um plano de enfrentamento do problema. Normalmente, os casos chegam às autoridades por meio do Conselho Tutelar ou das próprias prefeituras.

Deise garantiu ainda que o poder público possui iniciativas legais para a inserção dos adolescentes no mercado de trabalho, e que não é preciso burlar o Estatuto da Criança e do Adolescente para a oferta de opções às famílias que querem ensinar os filhos a trabalhar desde cedo.

Por Guilherme Batista

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