A autorização para que inventários, partilhas, procurações e divórcios passassem a ser feitos de forma remota, por videoconferência, foi dada no fim de maio, mas só começou a valer mesmo em junho. E de acordo com os cartórios, o número de separações consensuais no Paraná cresceu mais de 12% entre os dois meses. Passando de 746 em maio, para 837 em junho. Na comparação com junho do ano passado, quando foram 687 separações, a diferença é ainda maior e o aumento aqui no estado chegou a quase 22%.

Para a psicóloga e especialista em Análise do Comportamento, Luciana Gusmão, o número chama a atenção e reflete o momento atual, da vida que o casal vem levando durante a pandemia, com mais tempo em casa e aumento da convivência, o que acaba gerando aquelas dificuldades típicas do dia a dia, os chamados agentes estressores, para a psicologia.

No Brasil, os cartórios registraram a mesma tendência de alta e números ainda mais significativos. Os divórcios no país passaram de quase 4.500 em maio, para pouco mais de 5.300 em junho. Em alguns estados, como o Amazonas e o Piauí, os números mais que dobraram.

Apenas as separações consensuais, e que não envolvam menores, podem ser feitas à distância pela plataforma online criada pelos cartórios. Nela, o casal, já com um certificado digital, declara a vontade de se separar em uma videoconferência conduzida pelo tabelião. O processo todo é realizado em ambientes separados, com os dois ao mesmo tempo, ou em momentos diferentes. E tudo pelo computador ou mesmo pelo celular.

A psicóloga avalia que a falta de comunicação, que já era um dos principais problemas enfrentados pela maioria dos casais antes da pandemia, se tornou uma questão ainda mais complexa agora, uma dificuldade a mais.

Luciana Gusmão acredita também que muitas decisões acabam sendo tomadas sem reflexão e diz que, se ainda por cima há tantas facilidades para se separar, muita gente acaba agindo por impulso.

Em apenas três estados brasileiros não houve aumento nas separações no mês de junho, Amapá, Mato Grosso e Rondônia.