QUARTA, 21/04/2021, 17:24

Ambulância teria sido usada no transporte de cadeiras para uma festa em Porecatu, no Norte do Paraná

Morador flagrou momento no qual funcionário faz a retirada das cadeiras do veículo oficial para levá-las até uma casa onde, apesar da pandemia, acontecia o evento. Ministério Público vai apurar o caso.

Um morador de Porecatu, no Norte do Paraná, fez um flagrante inacreditável envolvendo uma ambulância do município. Nas imagens, gravadas pelo celular na última sexta-feira (16), é possível ver o veículo oficial parado na frente de uma casa na rua Iguaçu, uma das principais da cidade. Segundo a população, o imóvel é alugado, normalmente, para a realização de festas e eventos particulares. Na gravação, o motorista aparece descendo da ambulância e retirando dela diversas cadeiras de plástico. Elas são levadas até o quintal da casa, onde, no momento, apesar da pandemia de coronavírus, ocorria uma festa. Depois do serviço, o funcionário volta para o veículo e vai embora. É possível perceber que a ambulância, utilizada no transporte das cadeiras, é realmente um veículo oficial. Ela apresenta uma plotagem da Prefeitura de Porecatu e até uma propaganda sobre a importância das ações de combate à dengue. De acordo com o que foi apurado pela reportagem, o veículo seria utilizado no transporte de pacientes e também pelo setor de Vigilância Sanitária do Município.

O caso veio à tona nesta quarta-feira (21), após uma reportagem da RIC Record TV. Apesar da gravidade do conteúdo da gravação, ninguém da Secretaria de Saúde, tampouco o prefeito de Porecatu, Fábio Luiz Andrade, se manifestaram sobre o assunto até o momento. A CBN entrou em contato pelo telefone e enviou e-mail, mas não obteve retorno. O vídeo também já foi encaminhado ao Ministério Público. O promotor Pedro Castelan disse que pretende apurar se o veículo foi, realmente, utilizado para fins particulares. Ele garantiu que se as irregularidades ficarem comprovadas, os envolvidos no caso serão denunciados por improbidade administrativa.

Vale lembrar que este é o segundo caso suspeito ocorrido em Porecatu envolvendo veículos da área da saúde em menos de três meses. O prefeito responde a uma ação, também por improbidade administrativa, acusado de pagar R$ 163 mil por uma ambulância que, segundo o Ministério Público, nunca foi entregue. No início do mês, inclusive, a Justiça chegou a bloquear R$ 489 mil de Andrade e da empresa que faria o fornecimento do veículo para garantir a devolução dos valores. O promotor Pedro Castelan, que também está por trás desse caso, conta que o veículo foi pago de forma antecipada em julho do ano passado, e que o município só foi atrás da empresa, para requerer a devolução dos valores, depois de descobrir que a situação estava sendo investigada. Ele também espera pela aprovação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as partes envolvidas para, enfim, ver o ressarcimento dos cofres públicos.

Por Guilherme Batista

Comentários