SEGUNDA, 29/12/2025, 07:53

Justiça do Trabalho determina desbloqueio de R$ 143 mil para pagamento de funcionários da Casa do Bom Samaritano

Decisão reconhece caráter alimentar dos salários e destrava recursos retidos em ação trabalhista; Pagamentos começaram, mas seguem de forma parcial

Uma decisão da Justiça do Trabalho abriu caminho para a liberação de recursos destinados ao pagamento de funcionários da Casa do Bom Samaritano, em Londrina, mas não encerrou o impasse vivido por trabalhadores desligados da instituição. Após determinação judicial, valores que estavam bloqueados em contas bancárias foram liberados, permitindo o início dos pagamentos. Ainda assim, os depósitos ocorrem de forma parcial, mantendo pendências salariais e rescisórias.

Os trabalhadores aguardavam o recebimento de salários e direitos trabalhistas. Os pagamentos iniciados na semana passada contemplaram apenas parte do mês de dezembro, ficando pendentes os salários de novembro e a segunda parcela do 13º salário para alguns ex-funcionários, especialmente os vinculados à assistência social.

A liberação dos recursos ocorreu após despacho do juiz Mauro Vasni Paroski, da Vara do Trabalho de Londrina, que determinou o desbloqueio imediato de R$ 143,4 mil retidos por força de uma ação trabalhista movida por uma ex-colaboradora. Na decisão, o magistrado destacou que a maior parte do valor bloqueado tinha origem em verbas de assistência social, consideradas impenhoráveis, além de ressaltar o caráter alimentar dos salários e a necessidade de preservar a subsistência dos trabalhadores e de suas famílias.

Antes disso, a Procuradoria-Geral do Município havia informado que, de forma excepcional, o município assumiria os pagamentos com recursos das parcerias vigentes, apesar de a responsabilidade ser da entidade. Segundo a Prefeitura, a execução dos repasses dependia da liberação das contas bancárias da Casa do Bom Samaritano, que estavam bloqueadas judicialmente. A PGM afirmou ter atuado para obter o desbloqueio e cobrado agilidade da instituição financeira para o cumprimento da ordem.

A crise financeira da Casa do Bom Samaritano se arrasta desde agosto, quando a entidade, com mais de quatro décadas de atuação na cidade, comunicou a interrupção dos serviços por falta de recursos. À época, a direção alegou um déficit mensal próximo de R$ 100 mil e a inexistência de perspectiva de aumento nos repasses públicos. O cenário levou à renúncia de dirigentes, intervenções judiciais e, por fim, ao desligamento dos funcionários em 30 de setembro, sem o pagamento das verbas devidas.

A rescisão do convênio com a Prefeitura foi formalizada apenas em 19 de dezembro, enquanto os trabalhadores seguiam sem resposta concreta. Com a liberação judicial e o início dos pagamentos, a expectativa é de avanço, mas a quitação integral dos débitos ainda depende de novos repasses e da regularização definitiva da situação financeira.

Por Paulo Andrade

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