SEGUNDA, 28/02/2022, 16:20

Mulheres relatam ter sido humilhadas e violentadas durante o parto por médico que se passava por obstetra em Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná

Profissional investigado por violência obstétrica foi afastado do hospital em que trabalhava pela Justiça. Pelo menos 24 mulheres dizem ter sido vítimas do médico.

A CBN teve acesso a relatos chocantes de mulheres que contam ter sido humilhadas e até violentadas durante os próprios partos no Hospital Regional do Norte Pioneiro, em Santo Antônio da Platina, por um médico que, segundo investigação do Ministério Público (MP), passou os últimos 13 anos trabalhando como obstetra na instituição mesmo sem ter a devida especialização para isso.

O profissional é acusado de violência obstétrica por pelo menos 24 mulheres. Ele foi afastado da função que ocupava pela Justiça na última semana.

Num dos relatos, uma das vítimas conta que foi maltratada pelo médico e forçada por ele a fazer parto normal de gêmeos. Segundo ela, uma das crianças morreu durante o procedimento.

Num outro relato, a mulher diz que passou por situação semelhante, e que foi intimidada pelo médico durante uma cesárea. Emocionada, ela chama o profissional de monstro e destaca que ele precisa responder pelos crimes que cometeu.

Na ação civil pública, que corre em segredo de Justiça, o Ministério Público lista situações descritas pela própria promotoria como um "verdadeiro filme de terror". Foram narradas diversas atitudes indevidas, incluindo casos de violência verbal e física (como amarração das pernas e procedimentos cirúrgicos realizados sem anestesia ou antes que ela fizesse efeito) que causaram abalo psicológico nas parturientes. As informações são da promotora que investiga o caso, Kele Cristiani Bahena.

A CBN tentou contato com o advogado do médico investigado, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. A Secretaria Estadual de Saúde também não se manifestou oficialmente sobre o caso até o momento.

Por Guilherme Batista

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