SáBADO, 20/09/2025, 16:15

MPPR mantém acompanhamento judicial na ADA por suspeita de desvio de recursos e maus-tratos a animais

A CMTU, que está à frente da instituição há mais de 130 dias, alega que enfrentou diversos problemas desde o início das intervenções causadas pela antiga responsável pelo abrigo

Após a vereadora e ex-presidente da ADA (Associação Defensora dos Animais) Anne Moraes (PL) se manifestar durante sessão na Câmara Municipal de Londrina (CML), na quinta-feira (18), questionando os trabalhos realizados pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) na sede da ADA, tanto a companhia quanto o Ministério Público do Paraná (MPPR) se pronunciaram sobre o caso.

O MPPR, a partir da 20ª Promotoria de Justiça, informou que tem atuado na fiscalização dos trabalhos de intervenção judicial na ADA, entidade investigada por suspeita de desvio de doações e recursos públicos e maus-tratos a animais.

Sendo assim, foi atribuída à CMTU, em maio deste ano, por meio do MPPR, o papel de interventora. A entidade abrigava aproximadamente 700 animais, entre cães e gatos, que agora estão em processo de transferência para novos abrigos e cuidados médico-veterinários.

Entre as atividades que estão sob monitoramento da 20ª Promotoria de Justiça, está a transferência dos animais para um novo abrigo e para o recebimento de atenção de saúde especializada, uma vez que muitos foram encontrados em condições precárias.

Neste sentido, o MPPR ressalta que, em recente decisão judicial, determinou que a ex-presidente da entidade, a vereadora Anne Moraes (PL), que está sob investigação, não se aproxime dos animais que estão sendo transferidos a uma nova sede, bem como não intervenha no processo de transferência dos mesmos. Tal decisão foi motivada por ter sido demonstrado pela Promotoria de Justiça, que a ex-gestora vinha atuando para dificultar os trabalhos atualmente conduzidos pela interventora.

A CMTU, que está à frente da instituição há mais de 130 dias, alega que enfrentou diversos problemas desde o início das intervenções causadas pela antiga responsável pelo abrigo, o que atrapalhou sistematicamente os trabalhos. Como, por exemplo, a proibição do acesso da equipe ao abrigo, agressão física a colaboradores e voluntários, impedimentos administrativos e fiscais da associação, como contas bancárias bloqueadas, CNPJ suspenso e proibição do uso do Nota Paraná.

Atualmente, 10 pessoas trabalham diariamente nos dois abrigos mantidos pela intervenção na parte de limpeza e manutenção dos locais, entre eles dois veterinários que prestam assistência diária aos animais, algo que não ocorria antes da intervenção.

Os animais foram vacinados, vermifugados e chipados, e várias feiras de adoção foram realizadas, nas quais dezenas de animais já ganharam um novo lar e uma nova família.

Em relação às mortes ocasionadas neste período, a CMTU informou em nota que a maioria dos casos foi ocasionada por brigas entre os animais, potencializadas pelas condições precárias em que viviam no abrigo, e nos momentos em que os representantes da intervenção não tinham acesso ao local, em razão do impedimento por parte da ex-gestora. Outros, apesar de todos os esforços dos veterinários e de clínicas veterinárias parceiras, não conseguiram se recuperar dos anos e anos de abandono, subnutrição, maus-tratos e negligência, conforme informações apresentadas pelo Ministério Público no processo.

Atualmente, mais de 200 animais já estão em um novo espaço, muito mais amplo, seguro e preparado para dar dignidade a eles. O sigilo do novo endereço é temporário até que a transferência de todos os animais seja concluída para manter a segurança e a saúde deles.

Por João Gabriel Rodrigues

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